Mapa-múndi ou mapa do mundo

O mapa-múndi é o mapa que representa todo o planeta Terra, incluindo continentes, países, mares e oceanos.

Mapa-múndi ou mapa do mundo com a identificação dos países.
Mapa-múndi político com a identificação dos países.
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Mapa-múndi, ou o mapa do mundo, é um tipo de mapa que mostra toda a superfície do planeta Terra em um plano reduzido.

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Tópicos deste artigo

O que é um mapa-múndi?

Exemplo de mapa-múndi (ou mapa do mundo) com todos os países.
O mapa-múndi representa toda a superfície terrestre em um único plano, servindo sobretudo para fins didáticos. Fonte: IBGE.[1]

Um mapa-múndi é uma representação cartográfica de toda a superfície do planeta Terra em uma superfície plana reduzida. O mapa do mundo, portanto, retrata de uma só vez todos os seis continentes e os cinco oceanos terrestres em escala reduzida, apresentando baixo grau de detalhamento.

Mapa-múndi interativo

História do mapa-múndi

As evidências históricas de mapas do mundo antigos datam de mais de 8 mil anos antes da era comum, a exemplo do mapa da cidade de Çatal Höyük, que data do período Neolítico e estava localizada na Turquia. Um mapa com a representação do que os babilônios entendiam ser o mundo foi feita em barro cozido por volta de 2.000 a.C.

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Outro mapa relevante do mundo antigo é o mapa-múndi produzido por Anaximandro de Mileto, no século 4 a.C., e que também retrata a percepção do período com relação à composição da superfície terrestre.

Mapa-múndi produzido por Anaximandro de Mileto.
Mapa-múndi produzido por Anaximandro de Mileto.

Não é possível falar sobre a evolução dos mapas-múndi e da cartografia propriamente dita sem a menção a Cláudio Ptolomeu (90-168 d.C.), matemático que viveu na cidade de Alexandria e que produziu um dos mais importantes manuscritos de Geografia da Antiguidade, denominado Geographia. Esse documento trouxe contribuições para a cartografia devido ao uso das latitudes e das longitudes para a identificação e catalogação de milhares de lugares, além da descrição de técnicas para a composição dos mapas.

A imagem a seguir mostra um mapa-múndi de Ptolomeu, assim chamado por usar como base as informações contidas em sua obra principal:

Mapa-múndi produzido em 1492 com base nos escritos de Ptolomeu.
Mapa-múndi produzido em 1492 com base nos escritos de Ptolomeu.

Depois do século XV, as representações da Terra sofreram uma transformação significativa, que é fruto da maior exploração do mundo a partir das navegações, sendo esse período denominado Grandes Navegações.

O sucesso das expedições dependia de mapas com a maior acurácia possível e instrumentos cartográficos que facilitassem a orientação sobre o espaço. Considera-se, por isso, que o primeiro mapa-múndi de fato foi aquele elaborado pelo cartógrafo alemão Martin Waldseemüller (1475-1520) no ano de 1507.

O mapa de Waldseemüller, como vemos abaixo, foi o primeiro mapa do mundo a exibir as terras do continente americano e a, de fato, nomeá-las como América em sua representação.

Mapa-múndi de Waldseemüller, o primeiro que registrou a América.
No lado esquerdo do mapa de Waldseemüller, é possível observar uma representação do continente americano.

Em termos de inovações tecnológicas do período, a invenção da imprensa no século XV ajudou na difusão dos mapas e na sua reprodução de forma mais eficaz e menos onerosa. Lembremos que a cartografia, além de uma ciência, era tratada como uma arte, e a produção dos mapas era um processo lento e minucioso.

A revolução na cartografia e na representação da superfície terrestre como um todo continuou no século seguinte com o cartógrafo flamengo Gerardus Mercator (1512-1594), que se utilizou de um cilindro para reproduzir o aspecto da superfície da Terra e produzir o seu próprio mapa-múndi em 1569. Veja, a seguir, o mapa-múndi de Mercator:

Mapa-múndi de Mercator produzido em 1569 por meio do uso de uma projeção cartográfica.
Mapa-múndi de Mercator produzido em 1569 por meio do uso de uma projeção cartográfica.

Desde então, a representação da superfície terrestre ganhou inúmeras contribuições de geógrafos e cartógrafos que favoreceram a sua precisão, o que inclui a elaboração de novas projeções cartográficas que atendiam às demandas do período histórico em que foram criadas. O desenvolvimento tecnológico que culminou no surgimento dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG), com o uso inicial de fotos aéreas durante a Segunda Guerra Mundial e, posteriormente, o desenvolvimento de satélites de captação de imagens, proporcionaram um avanço significativo na cartografia e na confecção de mapas, sobretudo do mapa-múndi.

Leia também: Mapa do Brasil com seus estados e capitais

Diferentes tipos de projeções cartográficas

Mapa mental mostra os tipos e características das projeções cartográficas. Créditos: Gabriel Franco | Brasil Escola.
Mapa mental mostra os tipos e características das projeções cartográficas. Créditos: Gabriel Franco | Brasil Escola.

O planeta Terra tem o formato esférico e, por essa razão, é impossível representar a sua superfície em um plano sem que haja algum tipo de distorção. As distorções podem acontecer no tamanho dos continentes, por meio de contrações ou de expansões; no seu formato, percebido através das fronteiras, ou mesmo nas distâncias observadas através do seu posicionamento. De maneira a possibilitar a representação da superfície terrestre em um plano reduzido, foram criadas projeções cartográficas que procuram limitar as distorções que acontecem nesse processo.

As projeções cartográficas são um conjunto de técnicas que inclui cálculos matemáticos e superfícies de projeção que mantêm algumas distorções e eliminam outras. Visto que as projeções interferem na maneira como o mundo é visto pelos indivíduos, elas podem ser usadas para representar aspectos do contexto geopolítico de uma determinada época, por exemplo, ou ainda incitar a reflexão acerca da própria composição dos mapas.

A seguir, vamos conhecer algumas das principais projeções cartográficas e suas características.

  • Projeção de Mercator

Desenvolvida no ano de 1569 por Gerardus Mercator, essa é uma projeção do tipo cilíndrica conforme. Ela mantém a forma dos continentes e outras terras emersas, mas distorce o seu tamanho. Territórios localizados no Hemisfério Norte aparecem maiores, enquanto aqueles ao Sul aparecem menores.

Essa projeção foi concebida em meio às Grandes Navegações e evidencia o eurocentrismo que era vigente nesse período.

Mapa-múndi produzido através da projeção de Mercator. Fonte: IBGE.
Mapa-múndi produzido através da projeção de Mercator. Fonte: IBGE.
  • Projeção de Galls-Peters

Conhecida também como projeção de Peters, essa é uma projeção cilíndrica equivalente elaborada por Arno Peters, em 1973, que mantém as áreas dos continentes, mas distorce as suas formas. Diferentemente da projeção de Mercator, a projeção de Peters coloca em evidência os continentes e países do Hemisfério Sul. A maior parte dos territórios situados nessa região do planeta Terra são classificados como emergentes e subdesenvolvidos, ampliando seu contraste com a projeção que estudamos acima.

Mapa-múndi produzido através da projeção de Peters.
A projeção de Peters mantém a área dos continentes e, por isso, os países do Sul aparecem maiores que os países do Norte. Fonte: IBGE.
  • Projeção de Robinson

Essa projeção foi desenvolvida por Arthut Robinson em 1961 e é classificada como afilática. Ela é elaborada da mesma forma que uma projeção cilíndrica, mas, diferente desta, a projeção de Robinson busca distorcer o mínimo possível tanto da forma quanto da área dos continentes. Ainda assim, ambas possuem pequenas alterações. Como é possível perceber na imagem a seguir, os paralelos são representados em linha reta, enquanto os meridianos são curvados, estando seu lado côncavo apontado para o Meridiano de Greenwich.

A projeção de Robinson, pelas suas características, é a mais utilizada na composição de materiais didáticos.

Mapa-múndi produzido através da projeção de Robinson.
A projeção de Robinson procurou minimizar as distorções de área e formato dos continentes. Fonte: IBGE.

Elementos essenciais de um mapa-múndi

  • Título: informa o tema do mapa e aparece na parte superior da área da representação. No mapa do exemplo abaixo, o título é “Continentes”, e está posicionado no canto superior esquerdo.

  • Legenda: traduz os símbolos e as cores utilizadas no mapa, facilitando a sua leitura. A legenda aparece comumente nas laterais. No mapa abaixo, a legenda nos mostra que cada cor corresponde a um continente.

  • Escala: em seu formato numérico ou gráfico, indica quantas vezes a superfície real foi reduzida para ser representada em uma área reduzida. O mapa dos continentes abaixo possui uma escala de 1:200.000.000.

  • Rosa dos ventos ou orientação: mostra a posição dos pontos cardeais, sendo usada para a orientação. É comum que nos mapas seja representado somente a direção do norte, como é possível observar no canto inferior direito do exemplo abaixo.

  • Projeção cartográfica: mostra o tipo de projeção cartográfica utilizada no momento da confecção do mapa. O mapa do IBGE abaixo foi feito a partir da projeção de Robinson.

  • Coordenadas geográficas: sobre elas é possível observar os paralelos e meridianos que são usados com a finalidade de indicar a latitude e a longitude. Nas bordas do mapa, na extremidade de cada linha ou de cada intervalo de linhas, identifica-se o valor em graus referente a essas medidas.

Mapa do mundo mostra os continentes da Terra e apresenta todos os elementos típicos de um mapa.
Todos os mapas, incluindo o mapa-múndi, possui elementos que devem obrigatoriamente estar presentes. Fonte: IBGE.

Usos e aplicações do mapa-múndi na atualidade

Considerando as inúmeras aplicações do mapa-múndi, destacamos que esse tipo de representação é comumente usado:

  • para a composição de materiais didáticos, muito presentes nos livros de Geografia, sendo ele usado também durante as aulas;

  • para a identificação dos limites políticos dos países e regiões, sendo ele útil para o planejamento e para a construção da geopolítica em escala internacional;

  • na determinação de diferentes rotas de navegação, que são fundamentais para o comércio internacional, para as viagens turísticas e para a elaboração de estratégias políticas;

  • em estudos acadêmicos e levantamentos de dados que buscam informações sobre o clima do planeta, as formas de relevo, a distribuição da vegetação, os biomas e fenômenos oceânicos;

  • ainda nos estudos e no levantamento de informações, mas com o foco em aspectos socioeconômicos, demográficos e culturais da população mundial;

  • como decoração, seja em residências privadas, seja em repartições públicas de edifícios ou escolas.

Infográfico explica o que é o mapa-múndi, quem criou, quais são seus elementos obrigatórios e para que ele serve.
Infográfico sobre o mapa-múndi. Créditos: Gabriel Franco | Brasil Escola.

Como ler e interpretar um mapa-múndi?

Para ler e interpretar bem o mapa do mundo, você precisa:

  • Conhecer os oceanos: Os oceanos constituem a maior parte da superfície terrestre e, portanto, a maior área de um mapa-múndi. Entender quais são esses oceanos, conhecer seus nomes e quais territórios eles banham auxilia a identificá-los no mapa-múndi.

  • Conhecer os continentes: entender a sua posição e saber o seu nome ajuda no momento de ler um mapa-múndi corretamente. Por exemplo: sabemos que a África fica ao sul da Europa e também que esse continente está posicionado a oeste da América. Além disso, a costa da África e a costa sul da América têm formatos complementares. No caso dos mapas convencionais, identificar cada hemisfério e os paralelos e meridianos notáveis é outra dica útil no momento de identificar os territórios.

  • Conhecer os elemento de uma mapa: as cores e os símbolos que são utilizados no mapa-múndi, como as linhas contínuas, hachuras e outros, devem obrigatoriamente ser indicados com o respectivo significado na legenda. Por essa razão, é imprescindível conhecer os elementos de um mapa e quais tipos de informação eles nos am para que possamos ler e interpretar um mapa-múndi e qualquer outro tipo de representação cartográfica.

Leia também: Mapas e gráficos — quais são os tipos e como interpretá-los

Curiosidades sobre mapas-múndi

  • O IBGE lançou um mapa-múndi com o Brasil no centro do mundo.

Mapa-múndi lançado pelo IBGE com o Brasil no centro.[2]
Mapa-múndi lançado pelo IBGE com o Brasil no centro.[2]
  • O mapa-múndi pode ser construído por meio da técnica de anamorfose. Os países e continentes são deformados (tamanho e forma) de acordo com a magnitude de um fenômeno que acontece nele. No mapa abaixo, por exemplo, o tema é a produção de petróleo. Os maiores produtores aparecem maiores do que os países que produzem menos barris de petróleo.

Mapa-múndi feito com a técnica de anamorfose mostra países produtores de petróleo. (Fonte: IBGE).
Mapa-múndi feito com a técnica de anamorfose mostra países produtores de petróleo. (Fonte: IBGE).
  • Existe um arquipélago artificial em Dubai denominado The World (O Mundo), que foi construído no formado de um mapa-múndi.

Vista do arquipélago The World (O Mundo), à direita, na costa de Dubai (Emirados Árabes Unidos).
Vista do arquipélago The World (O Mundo), à direita, na costa de Dubai (Emirados Árabes Unidos).

Futuro dos mapas: tecnologia e inovação

O rápido avanço tecnológico que vivenciamos nas últimas décadas, com a modernização dos equipamentos eletrônicos e o incremento das redes de conexão à Internet, representou uma revolução na maneira de se fazer cartografia e na forma como os usuários interagem com os mapas. Os aplicativos e softwares permitem que um usuário, mesmo sem conhecimento de técnicas cartográficas, desenvolva mapas personalizados que atendem aos seus anseios do momento, seja ele se deslocar de um ponto a outro por meio de diferentes rotas ou conhecer a extensão de um fenômeno em uma área selecionada.

No segundo exemplo acima mencionado, a união entre as informações espaciais e a tecnologia cria ferramentas e produtos que são úteis para a gestão de problemas urbanos e ambientais, incluindo o aquecimento global, de questões sanitárias, como o avanço ou recuo de determinadas doenças infecciosas, de pessoas, do trânsito e de diversos outros fenômenos que demandam acompanhamento contínuo e/ou em tempo real.

A imersão nos mapas por meio de imagens de satélite ao usuário a visão real de uma determinada localidade e que se caminhe por ela, esteja essa área no bairro vizinho ou em um país do outro lado do mundo, sendo mais uma evidência de como a modernização tecnológica tem tornado a cartografia cada vez mais eficiente e em harmonia com as demandas dos usuários.

Recentemente, a realidade aumentada tem feito a sobreposição das imagens captadas pela câmera de aparelhos celulares com as informações contidas em mapas, como se as indicações de rotas e instruções de navegação fossem parte da paisagem, o que facilita o seu uso como um guia para a navegação e garante a maior eficácia daquela ferramenta.

Há décadas se fala sobre como a big data, conjunto de informações disponíveis e armazenadas nas redes, tem impactado na concepção de produtos cartográficos. O uso desses dados em conjunto com as tecnologias de geoprocessamento tem proporcionado a ampliação ao o aos produtos cartográficos e diversificado seus usos e aplicações. Diante das inovações tecnológicas que têm surgido em intervalos de tempo menores, a tendência é a de continuidade da evolução da ciência cartográfica com produtos, como os mapas, cada vez mais fiéis ao mundo real.

Créditos da imagem

[1] IBGE (reprodução)

[2] IBGE (reprodução)

Fontes:

CAMPOS, Ana Cristina. IBGE lança mapa-múndi invertido, com o Sul no topo. Agência Brasil, 10 mai. 2025. Disponível em: https://brasilescola-uol-br.noticiasdetocantins.com/geral/noticia/2025-05/ibge-lanca-mapa-mundi-invertido-com-sul-no-topo

IBGE. Atlas Geográfico Escolar. Rio de Janeiro: IBGE, [2024]. Disponível em: https://atlasescolar.ibge.gov.br/.

HARLEY, Brian. Mapas, saber e poder. Confins [Online], 5, 2009. Disponível em: https://journals.openedition.org/confins/5724.

LUNELLI, Pâmela. Como os mapas e o big data podem mudar o mundo? Mundo Geo, 05 dez. 2014. Disponível em: https://mundogeo.com/2014/12/05/como-os-mapas-e-o-big-data-podem-mudar-o-mundo/.

MARTINELLI, Marcello. Os mapas da Geografia. Anais do Congresso Brasileiro de Cartografia, 2005. P. 1-12.

MARTINELLI, Marcello. Um breve apanhado sobre a breve história da cartografia temática. São Paulo: 3° Simpósio Iberoamericano de História da Cartografia, 2010. Disponível em: https://3siahc.wordpress.com/wp-content/s/2010/04/cartografia-tematica-martinelli.pdf.

MARTINELLI, Marcello; GRAÇA, Alan José Salomão. CARTOGRAFIA TEMÁTICA: UMA BREVE HISTÓRIA REPLETA DE INOVAÇÕES. Revista Brasileira de Cartografia, [S. l.], v. 67, n. 4, p. 913–928, 2015. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/revistabrasileiracartografia/article/view/49128.

Museu de Topografia – Instituto de Geociências (UFRGS). Disponível em: http://museudetopografia.ufrgs.br/museudetopografia/.

PONTES, Paula Penedo. Mapas medievais reúnem o insólito e o maravilhoso. Jornal da UNICAMP, ed. 712, 02 a 15 set. 2024. Disponível em: https://jornal.unicamp.br/edicao/712/mapas-medievais-reunem-o-insolito-e-o-maravilhoso/.

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.
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GUITARRARA, Paloma. "Mapa-múndi ou mapa do mundo"; Brasil Escola. Disponível em: /geografia/mapa-mundi.htm. o em 12 de junho de 2025.
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